domingo, 27 de dezembro de 2009

Ano novo


eu ainda me lembro do teu cheiro naquela noite me lembro da tua camisa suada e da bebida na sua mão, ainda me lembro do seu toque e de cada palavra e de cada promessa que hoje não passam de memórias, mais eu me lembro de nós dois de como combinava, de como parecia quadro de pintura, de como colava bem, eu me lembro dessa noite especialmente porque foi a primeira virada de ano, foi o nosso primeiro momento, me lembro das promessas que me fiz de que naquele ano tudo seria diferente, principalmente porque você estava ali, prometi que ia me cuidar mais, que ia ser menos desastrada, prometi que me amaria mais, prometi que te amaria mais, jurei que seria feliz, mais eu sabia que promessa de ano novo sempre sofre alterações, essa ano que vai chegar parece tão distante e tão esquesito perto daquele outro, nesse ano não vai ter mentira, porque antes de tudo eu jurei que não ia prometer mais, antes de tudo eu me fiz prometer que seria mais maleável e menos ingênua pra acreditar em promessas, nesse ano eu quero mais do mundo, eu quero mais que memórias velhas, eu quero o novo o gosto do novo na minha boca, o gosto do novo no meu estomago, dentro de mim e mais ainda, em mim, nesse ano eu quero tudo que eu queria e mais umm pouco, o fundamental é ser feliz, mas a base de tudo é manter os pés no chão. manter a cabeça na terra, sentir dentro de mim o novo, a vida nova, e com ela minha inacreditável liberdade;

domingo, 11 de outubro de 2009

PASSADO DESEJADO


É nunca vai ser como antes.
Eu sei, e to cansada de todo mundo me repetir que nada na vida permanece igual, nada na vida pode ser congelado. Mas a minha teimosia fica martelando minha memória, eu queria mergulhar nas nossas fotografias, nos dias ensolarados, nos dias que havia felicidade, tudo que eu queria era fazer com que a vida voltasse um pouquinho no tempo. Mas eu não sou Deus, nem qualquer coisa do gênero pra mecher com a tempo, o que eu faço é andar pela rua cantarolando nossas músicas, discursando nossos diálogos e imaginando nó sentados um do lado do outro de mãos dadas, eu fico repassando a primeira rosa, o primeiro beijo, mais eu fico imaginando como seria se voce soubesse de tudo, como seria e o que você teria feito. E eu fico analisando a sua expressão na foto, eu fico pensando o que seria agora. Mas, tem sempre um mas, eu nem sei se agente daria certo, é que por conhecer tanto, por entrar tanto no teu universo, não sei se hoje o eu e você de mãos entrelaçadas ficaria tão bem naquela imagem na tela no computador. É que o passado mesmo incomodando agente, mesmo nos fazendo felizes com as memórias, mesmo que eterno enquanto dure, não é a realidade, as fotos nunca voltarão, e você provavelmente jamais será o mesmo, assim como eu.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O retrato





trecho:


Eu me calei, fiquei muda, não queria mais ouvir, meu mundo de congelamentos instantâneos acabara naquele momento, e eu não registrei o que certamente foi pra mim um dos dias mais tristes; ele fez as malas, juntou tudo que tinha , levou algumas fotos, que pra ele nem tinham tanto valor como pra mim, mas ainda assim as levou. Alguém bateu à porta, eu abri, e dei um abraço forte em uma amiga que eu particularmente considerava, foi com ela que ele partiu.
Peguei tudo que me lembrava nossos momentos e tranquei naquela sala, cobri o quadro com um belo tecido e meu coração se encheu de ódio. Mais tarde, vi nos jornais a noticia de sua morte. Já se passaram cinco anos e ainda não entrei na sala.
Hoje estou diante da porta, daquilo que um dia chamei de paraíso, tive a impressão de voltar no tempo, vi nós dois deitados no tapete assistindo a um filme que eu adorava e que ele nem gostava, mas sempre assistia comigo; não tenho coragem de abrir a porta. Estou sentada aqui há horas à luz acabou e agora eu tenho uma porção de velas, elas diminuem a cada instante, se apagam com vento que entra não sei por onde. Chove lá fora e eu ainda estou naquele flash back, - porque ele me deixou? - ainda me pergunto. Mas sinceramente as velas vão se apagando e eu ainda não tenho a resposta, depois de tanto tempo, percebo que as fotografias já não têm tanta importância, queria ver o quadro novamente, mas não tenho força pra abrir a porta, nem pra encarar teus belos olhos.
Foi então que tomei coragem, abri a porta, olhei o quadro descoberto pelo tecido vermelho, já repleto de teias de aranha, ele olhou pra mim, as velas se apagaram, o amor terminou. Eu o matei.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DOR VERMELHA


São quatro paredes. O sofá vermelho, aquele tapete que só servia mesmo pra ser pisado, os livros, tantos livros e dvd’s e cd’s e fotos, quantas fotos, em cada uma delas a eternidade de um momento, o vinho sempre esperando ser devorado mais sempre estático, o relógio na parede ele não perdoa são segundos e minutos e horas que não param, não vão parar. É a sala. São as paredes que sempre estiveram ali, e eu também como elas, estava ali parada sentada naquele vermelho intenso de arder os olhos, sentada esperando por um milagre.
Mais eu continuava, e sem saber por que ficava parada, esperando algo ou você aparecer, eu queria que você aparecesse, eu sei aquele lugar não te faz bem, eu não te faço bem, mais eu desejei do fundo do meu coração e mais além que você abrisse aquela porta no canto daquela parede e me falasse te amo sem medo e sem dor pra não me lembrar o vermelho do sofá. Mas nem tudo é como eu desejo, o amor é um abismo e você quer sempre chegar ao fundo, mais não tem fundo, não tem fim, o amor é uma via de mão dupla não dá pra cair sozinho, não dá pra andar sozinho, nem mergulhar sozinho, nem fazer um filho sozinho. Eu queria que você entrasse pela porta e quebrasse os porta-retratos e me abrassasse me fazendo esquecer o passado, esquecer o que eu disse, esquecer que te fiz sofrer, eu sei, eu sei que você vai me olhar do nada e dizer sem abrir a boca que me quer e não quer ao mesmo tempo.
Parece confuso, mais o problema não é o amor, não é a quantidade ou qualidade, nem é você, o problema se chama vermelho, medo de sangrar de novo em cima desse sofá, medo de te perder e deixar esse abismo inteiro te engolir, e eu disse que não, e eu menti que não te amava, mais foi tudo por medo de me escorar nessa parede um dia e ver meu coração sangrar por que você não agüentou o abismo, e procurou um outro pra mergulhar, procurou um outro alguém pra dar a mão.
Mas eu to aqui, parada, será que é tão difícil ver que o problema é que eu tenho medo de amar mais que você, e eu tenho mais ainda receio de te sufocar com tanto amor, eu vou ficando por aqui amando você pelos cantos, pelas metades, por que o amor, o amor é uma via de mão dupla, e eu preciso da sua metade, e dessa vez eu juro, se você entrar pela porta, eu vou pedir desculpas, eu vou abrir a garrafa de vinho, vou quebrar as paredes, e acima de tudo, eu vou mudar a cor do sofá pra branco, vou começar de novo, te dar a mão e mergulhar no abismo com você, sem medo de sangrar, sem medo das paredes, e sem medo do vermelho do sofá.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O repeteco de sempre



E eu fico aqui sentada. Os dias passam devagar, e eu fico aqui sentada no banco do ponto de ônibus. Você pode ate achar graça, mais eu fico aqui, é bem mais divertido que fazer nada em casa, eu fico olhando o movimento da rua, fico olhando as mães e os filhos que sobem e descem à rua, eu procuro motivos pra alguém ter jogado o papel no chão, eu procuro alguém que me responda todos os meus porquês. Eu vejo os carros subindo e descendo a ladeira, eu vejo o elevador do prédio funcionando e vejo as pessoas que usam o mesmo elevador sem desejar se quer um bom dia pra quem ta do lado, eu vejo o motorista do ônibus que sempre passa na mesma hora, ta, não é sempre na mesma hora, mais era pra ser.
A verdade é que eu fico aqui sentada, eu vejo a vida dos outros passar, e vejo a minha passar junto, a diferença é que ta todo mundo fazendo alguma coisa, diferente de mim. É que eu ando meio desligada desse mundo, é que esse conformismo me incomoda, e nem vem dizer que não existe conformismo, qué vê um exemplo? A rotina. Quando eu sento aqui no banco eu fico olhando as mesmas pessoas passarem, fazendo as mesmas coisas, pegando o mesmo elevador e elas nem se quer se perguntam da vida. É aquela mesma merda de sempre, todo mundo ocupado demais pra se preocupar com o planeta ou com o universo inteiro que ta ai vagando sem ter dono.
E eu fico aqui sentada. Sem ter resposta nenhuma, porque a maioria das pessoas que passam, passam rápido demais, não tem tempo, tão sempre atrasadas, no máximo me perguntam as horas ou me pedem um cigarro. É eu sei fumar faz mal pra saúde, mais quer mal maior que rotina, rotina mata e é por isso que eu vou trocar de banco.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Força de detalhes


Trecho.


Num segundo, num singelo e mísero segundo, uma palavra, letras agrupadas, o mundo se quebra de forma tão frágil como cristal raro, o coração já não é mais, ele agora endurece e os batimentos cada vez mais lentos parecem paralisar os músculos da face, água salgada escorre do olho até os lábios. Tudo funciona como num ciclo, às vezes a vida congela, as pessoas aprenderam a ser frias com o tempo.
Qualquer forma de afeto, agora aparenta antiguidade, foi o tempo em que amar e receber amor era sinal de beleza, era normal. O mundo está ao contrário, é uma doença que inverte o curso dos rios, o centro para e atinge os homens de forma anestésica, porque agora o aroma da ferida é que se tornou comum, se alastrou em forma de vírus pelo mundo a fora, levou do ser humano a capacidade de ser, a essência dos sentimentos.[...]

Pra relembrar


"[...]quem sabe essa coragem que eu tanto almejo um dia não venha bater a minha porta,quem sabe um dia ela não invada a minha alma e me mostre o quanto a minha estúpida razão é leviana,talvez eu consiga força pra me levantar quando a saudade apertar,talvez eu nem queira me levantar pq a saudade, essa saudade é mais lembrança do que saudade, ela não dói provoca risadas das coisas boas que se foram, talvez um dia quando a coragem aparecer eu deixe de esconder dentro de mim as minhas vontades,talvez quem sabe não demora eu deixe de pensar de mais e diga."



: porque lembrar faz bem pra alma e pro coração