sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DOR VERMELHA


São quatro paredes. O sofá vermelho, aquele tapete que só servia mesmo pra ser pisado, os livros, tantos livros e dvd’s e cd’s e fotos, quantas fotos, em cada uma delas a eternidade de um momento, o vinho sempre esperando ser devorado mais sempre estático, o relógio na parede ele não perdoa são segundos e minutos e horas que não param, não vão parar. É a sala. São as paredes que sempre estiveram ali, e eu também como elas, estava ali parada sentada naquele vermelho intenso de arder os olhos, sentada esperando por um milagre.
Mais eu continuava, e sem saber por que ficava parada, esperando algo ou você aparecer, eu queria que você aparecesse, eu sei aquele lugar não te faz bem, eu não te faço bem, mais eu desejei do fundo do meu coração e mais além que você abrisse aquela porta no canto daquela parede e me falasse te amo sem medo e sem dor pra não me lembrar o vermelho do sofá. Mas nem tudo é como eu desejo, o amor é um abismo e você quer sempre chegar ao fundo, mais não tem fundo, não tem fim, o amor é uma via de mão dupla não dá pra cair sozinho, não dá pra andar sozinho, nem mergulhar sozinho, nem fazer um filho sozinho. Eu queria que você entrasse pela porta e quebrasse os porta-retratos e me abrassasse me fazendo esquecer o passado, esquecer o que eu disse, esquecer que te fiz sofrer, eu sei, eu sei que você vai me olhar do nada e dizer sem abrir a boca que me quer e não quer ao mesmo tempo.
Parece confuso, mais o problema não é o amor, não é a quantidade ou qualidade, nem é você, o problema se chama vermelho, medo de sangrar de novo em cima desse sofá, medo de te perder e deixar esse abismo inteiro te engolir, e eu disse que não, e eu menti que não te amava, mais foi tudo por medo de me escorar nessa parede um dia e ver meu coração sangrar por que você não agüentou o abismo, e procurou um outro pra mergulhar, procurou um outro alguém pra dar a mão.
Mas eu to aqui, parada, será que é tão difícil ver que o problema é que eu tenho medo de amar mais que você, e eu tenho mais ainda receio de te sufocar com tanto amor, eu vou ficando por aqui amando você pelos cantos, pelas metades, por que o amor, o amor é uma via de mão dupla, e eu preciso da sua metade, e dessa vez eu juro, se você entrar pela porta, eu vou pedir desculpas, eu vou abrir a garrafa de vinho, vou quebrar as paredes, e acima de tudo, eu vou mudar a cor do sofá pra branco, vou começar de novo, te dar a mão e mergulhar no abismo com você, sem medo de sangrar, sem medo das paredes, e sem medo do vermelho do sofá.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O repeteco de sempre



E eu fico aqui sentada. Os dias passam devagar, e eu fico aqui sentada no banco do ponto de ônibus. Você pode ate achar graça, mais eu fico aqui, é bem mais divertido que fazer nada em casa, eu fico olhando o movimento da rua, fico olhando as mães e os filhos que sobem e descem à rua, eu procuro motivos pra alguém ter jogado o papel no chão, eu procuro alguém que me responda todos os meus porquês. Eu vejo os carros subindo e descendo a ladeira, eu vejo o elevador do prédio funcionando e vejo as pessoas que usam o mesmo elevador sem desejar se quer um bom dia pra quem ta do lado, eu vejo o motorista do ônibus que sempre passa na mesma hora, ta, não é sempre na mesma hora, mais era pra ser.
A verdade é que eu fico aqui sentada, eu vejo a vida dos outros passar, e vejo a minha passar junto, a diferença é que ta todo mundo fazendo alguma coisa, diferente de mim. É que eu ando meio desligada desse mundo, é que esse conformismo me incomoda, e nem vem dizer que não existe conformismo, qué vê um exemplo? A rotina. Quando eu sento aqui no banco eu fico olhando as mesmas pessoas passarem, fazendo as mesmas coisas, pegando o mesmo elevador e elas nem se quer se perguntam da vida. É aquela mesma merda de sempre, todo mundo ocupado demais pra se preocupar com o planeta ou com o universo inteiro que ta ai vagando sem ter dono.
E eu fico aqui sentada. Sem ter resposta nenhuma, porque a maioria das pessoas que passam, passam rápido demais, não tem tempo, tão sempre atrasadas, no máximo me perguntam as horas ou me pedem um cigarro. É eu sei fumar faz mal pra saúde, mais quer mal maior que rotina, rotina mata e é por isso que eu vou trocar de banco.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Força de detalhes


Trecho.


Num segundo, num singelo e mísero segundo, uma palavra, letras agrupadas, o mundo se quebra de forma tão frágil como cristal raro, o coração já não é mais, ele agora endurece e os batimentos cada vez mais lentos parecem paralisar os músculos da face, água salgada escorre do olho até os lábios. Tudo funciona como num ciclo, às vezes a vida congela, as pessoas aprenderam a ser frias com o tempo.
Qualquer forma de afeto, agora aparenta antiguidade, foi o tempo em que amar e receber amor era sinal de beleza, era normal. O mundo está ao contrário, é uma doença que inverte o curso dos rios, o centro para e atinge os homens de forma anestésica, porque agora o aroma da ferida é que se tornou comum, se alastrou em forma de vírus pelo mundo a fora, levou do ser humano a capacidade de ser, a essência dos sentimentos.[...]

Pra relembrar


"[...]quem sabe essa coragem que eu tanto almejo um dia não venha bater a minha porta,quem sabe um dia ela não invada a minha alma e me mostre o quanto a minha estúpida razão é leviana,talvez eu consiga força pra me levantar quando a saudade apertar,talvez eu nem queira me levantar pq a saudade, essa saudade é mais lembrança do que saudade, ela não dói provoca risadas das coisas boas que se foram, talvez um dia quando a coragem aparecer eu deixe de esconder dentro de mim as minhas vontades,talvez quem sabe não demora eu deixe de pensar de mais e diga."



: porque lembrar faz bem pra alma e pro coração

sábado, 12 de setembro de 2009

Sem metades do recomeço


trecho:


[...] Não foi como das outras vezes, mas acabou quando eu mais precisei de um ombro amigo, é pra você ver, eu queria mesmo era um amigo e nem isso você soube ser, meu mundo ta desabando ou desabou e dessa vez creio que é chegado o momento de me recompor, de me fazer de forte, sair por ai juntando os pedaços de mim, juntar cada parte que ficou perdida e tentar recomeçar, mas agora, sem mentiras, sem acreditar em ilusões, sem amar pela metade, sem fingir que eu amo, sem vislumbrar realizações impossíveis e por fim, sem você, mas sem usar a expressão “pra sempre!”.